sábado, 23 de abril de 2016

Uma gruta com vestígios de ocupação humana do Paleolítico Médio foi descoberta em Portugal


 
Homem de Neandertal pode “tramar” a ETAR da Companheira

Uma gruta com vestígios de ocupação humana do Paleolítico Médio, de há mais de 40 mil anos, atribuíveis ao Homem de Neandertal, foi descoberta no terreno onde há um mês começou a ser construída a ETAR da Companheira, na margem da ribeira de Boina, afluente do Arade, em Portimão.

Esta gruta está, para já, fora da área de intervenção da obra, mas esta semana foi descoberta uma segunda cavidade, bem no meio dos trabalhos. A importância do achado arqueológico pode obrigar a alterar os projetos da azarada ETAR da Companheira, levando a um atraso na obra.

Para debater as implicações dos achados arqueológicos e os passos seguintes esta manhã teve lugar uma reunião no local da obra, que contou com técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Direção-Geral do Património Cultural (ex-Igespar), do Centro Náutica de Arqueologia Náutica e Subaquática, da Direção Regional de Cultura, da Câmara de Portimão, do empreiteiro e ainda do dono da obra, a empresa Águas do Algarve.

Nuno Bicho, arqueólogo especialista na Pré-História e professor da Universidade do Algarve, adiantou ao Sul Informação que, «logo que foi descoberta a primeira gruta, uma equipa da UAlg e de colegas da Direção Regional de Cultura fizeram uma primeira intervenção arqueológica, para medir o seu potencial», tendo entrado na cavidade natural aberta no subsolo calcário, que se pensa poder mesmo ter várias ramificações e outras galerias mais estreitas.

E o que descobriram entusiasmou os investigadores. «Foram encontrados, apenas numa intervenção de sondagem inicial, ossos de animais e utensílios em pedra talhada», com características atribuíveis a uma ocupação do Paleolítico Médio, feita pelo Homem de Neandertal. [...] Sul Informação


Actualización: Gruta do Neandertal da Companheira terá portão para que a investigação prossiga | Sul Informação / Link 2

1/7. O arqueólogo Nuno Bicho à entrada da gruta. Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A gruta junto à ribeira de Boina e à EN125, na zona da Companheira (Portimão), onde há cerca de um mês sondagens arqueológicas descobriram vestígios de ocupação pelo Homem de Neandertal, com 50 a 60 mil anos, vai passar agora a ter um portão, que apenas permita a entrada aos investigadores.
 
É que, apesar de os vestígios serem apenas constituídos por instrumentos de pedra lascada e restos de ossos de animais, só visíveis aos olhos treinados dos arqueólogos, a gruta é muito acessível, porque a entrada se situa no talude da EN125, e, com toda a publicidade que tem sido dada ao caso, teme-se que possa haver visitantes indesejados, que, mesmo sem querer, destruam os frágeis vestígios desses nossos antepassados remotos.

O mais curioso é que, apesar de a gruta se situar a 30 metros do perímetro da obra da nova ETAR da Companheira e a 45 metros do local onde efetivamente haverá trabalhos de construção, o dono da obra, a empresa Águas do Algarve, é que vai pagar o portão, em articulação com a Direção Regional de Cultura do Algarve.

2/7. Alguns dos instrumentos em pedra lascada feitos pelo Homem de Neandertal e recolhidos na gruta da Companheira
 
Nuno Bicho, o professor e arqueólogo da Universidade do Algarve que coordena os trabalhos de sondagem em curso e descobriu os instrumentos em pedra lascada talhados à moda do Neandertal, ...

1 comentario:

salaman.es dijo...

Actualización: Gruta do Neandertal da Companheira terá portão para que a investigação prossiga